quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Quadro da Geografia da França (Paul Vidal de La Blache)


O seu conceito de Gênero de Vida é sempre abordando nos textos de Paul Vidal de La Blache, quando cita que “A história de um povo é inseparável da área que ele habita”, ou seja, a construção desse espaço vai depender tanto dos aspectos físicos, quanto dos humanos. É nítida também a influência história que a relação do homem com o meio vai sofrer.
Segundo La Blache, existe um forte co-relação entre o homem e o solo, e na França isso não é diferente. O autor salienta que nesse país, as marcas de um caráter original de antigüidade e de continuidade foram fundamentais para esse processo de identificação regional. Desde muito cedo os estabelecimentos humanos parecem ter adquirido ali a fixidez; os seres humanos ali se detiveram porque encontraram, juntamente com os meios de subsistência, os materiais de suas construções e de suas indústrias. Assim, durante longos séculos ele levou uma vida local, que esteve diretamente ligada com os sumos da terra. Essa adaptação (exploração!) se desenvolveu graças aos hábitos transmitidos e mantidos sobre os lugares em que eles haviam nascidos (influência histórica e social = Gênero de Vida).
Para se entender se a França constitui um ser geográfico ou não, o autor diz que é necessário analisar, primeiramente, quais foram nesse país as relações presente entre o homem e o meio. “É preciso partir da idéia de que uma área (“contrée”) é um reservatório onde dormem energias das quais a natureza depositou o germe, mas cujo emprego depende do homem. É ele que, ao submetê-la ao seu uso, ilumina sua individualidade. Ele estabelece uma conexão entre traços esparsos; os efeitos incoerentes de circunstâncias locais, ele substitui por um concurso sistemático de forças. É então que uma área adquire precisão e se diferencia, tornando-se em sentido amplo como uma medalha esculpida pela efígie de um povo”.
Na França, esse estágio de equilíbrio física e humana é atingido muito cedo, antes que a maioria dos demais países. O estado Frances é um destes países que há mais tempo adquiriu sua fisionomia, deixando o estágio rudimentar em seu passado, após dominar os recursos geográficos.
“O quadro geográfico não deve se sobrepor à introdução histórica, nem sobre toda a obra da qual ele é o prefácio”. A principal conclusão sobre esse quadro na França pelo autor é que uma área não sobrevive somente por sua vida própria, ela vai sofrer influencias de penetrações externas, ou seja, devemos entender o espaço como algo vivo. E, a medida que sua civilização aumenta, aumenta a relação do local (particular) com o global (geral). “Revoluções econômicas como aquelas que se desdobram nos nossos dias imprimem
uma agitação extraordinária à alma humana; elas põem em movimento uma multidão de desejos, de ambições novas; elas inspiram em alguns lamentações, em outros, quimeras. Mas este dilema não deve nos subtrair o fundo das coisas. Quando uma rajada de vento agita violentamente uma superfície de água muito clara, tudo vacila e se mescla; mas, em um determinado momento, a imagem do fundo se desenha outra vez. O estudo atento daquilo que é fixo e permanente nas condições geográficas da França deve ser ou deve tornar-se mais do que nunca o nosso guia”.

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