terça-feira, 14 de julho de 2009

Juremir, Sarney e Renan






‘Outro dia, fiquei vidrado na imagem do senador José Sarney. É incrível como ele tem certo ar de boi. Sabem, aquele ar melancólico de ruminante que pode ser confundido com intensa atividade mental? A diferença entre Sarney e um boi é de natureza moral. Os bois são profundamente éticos. Jamais mentem. Não tenho saído mais. Fico em casa vendo Sarney na televisão. É como se estivesse na zona rural. Chego a sentir o cheiro de lama fresca, o odor de esterco e ver a grama do vizinho sendo roubada. Fico com a impressão que o mundo é um imenso Maranhão. Sarney é meu boi preferido. Em Palomas, tínhamos uma junta de bois fantástica: Larápio e Salafrário. Se comprasse uma junta de bois hoje, podem ter certeza, eu os chamaria de Sarney e Renan.
Sarney mudou aquela chavão segundo o qual não se pode enganar todo mundo o tempo todo. Ele pode. Afinal, como disse o Lula, Sarney não é um homem comum. Ele é um homem-boi. Pensando bem, ele tem um jeito de sapo-boi. Um boi nunca me engana. Sarney me cativa. Ele tem aquele jeito manso de boi cansado, aquele olhar profundo de bovino filosofando, aquele passo lento de senador que conhece todos os atalhos para fugir da lavoura. Toda vez que vejo Sarney na TV, eu penso: “Lá se foi o boi com a corda e a tua égua com os arreios”. O proletariado extinto. O boi fugiu para o mato. Só ficou o Sarney pastando solto. O Brasil é um curral.’

Nenhum comentário:

Postar um comentário